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"Parque de Diversões", filme sobre 'cruising gay', é destaque na programação de festival em Paris

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O produtor, cineasta e diretor teatral mineiro Ricardo Alves Jr. exibiu seu quarto longa-metragem, "Parque de Diversões" no Festival Chéries-Chéris, em Paris, voltado para a comunidade LGBTQIA+. A obra explora o universo do cruising — encontros sexuais entre desconhecidos em espaços públicos — e é ambientada no Parque Municipal de Belo Horizonte, que desempenha um papel simbólico e histórico na narrativa.

Ricardo explica que o cruising é o ponto de partida do filme, mas que a obra transcende a prática ao explorar questões mais amplas de liberdade e repressão. Ele destaca a conexão histórica com o Parque Municipal, um espaço que, na década de 1950 e 1960, era frequentado pela comunidade LGBTQIA+ à noite, até ser cercado por grades na década de 1970.

"Esses encontros noturnos, que eram vistos como proibidos em uma sociedade conservadora, são uma metáfora para a fluidez dos corpos e a liberdade que existia naquele lugar", comenta Ricardo, reforçando que o filme adota uma abordagem poética sobre esses temas.

Diálogos reduzidos e linguagem corporal intensa

Uma das marcas de Parque de Diversões é o uso mínimo de diálogos, o que confere destaque à expressão corporal e à interação entre os personagens. "São apenas quatro cenas com texto falado", diz Ricardo. "Eu vejo o filme como uma espécie de coreografia pornográfica ou erótica, onde a narrativa se constrói a partir dos corpos, da espacialidade e da luz." Para ele, o espaço é fundamental, e o trabalho com a trilha sonora potencializa a experiência sensorial do espectador.

Ricardo reconhece que a escolha de cenas explícitas é provocadora e deliberada. "O filme fala sobre sexo e explora suas várias camadas, como o voyeurismo, o exibicionismo e os fetiches. Ele coloca o espectador como um voyeur dessa experiência, desafiando-o a refletir sobre sua própria relação com o desejo e a sexualidade", argumenta.

Cinema independente em tempos desafiadores

O filme foi produzido sem recursos públicos e filmado em apenas sete noites, com uma equipe reduzida e dedicada. "A independência permitiu que o filme fosse exatamente como eu desejava, sem concessões. É um filme para maiores de 18 anos, que não se esquiva da nudez e do sexo explícito", explica.

Ricardo Alves Jr. acredita que o tema do filme é ainda mais relevante no contexto atual do Brasil. "Com a onda reacionária que vivemos, obras como essa são importantes para confrontar o conservadorismo e abrir espaço para discussões sobre liberdade e identidade", pontua.

Recepção internacional e a estreia no Brasil

Desde sua estreia mundial, em junho, no Festival Internacional de Cinema de Marselha (FID), "Parque de Diversões" vem percorrendo festivais ao redor do mundo, incluindo o Queer Lisboa, o Pink Screens na Bélgica e agora o Chéries-Chéris, em Paris. Ricardo celebra a recepção positiva da obra, especialmente pela sua abordagem sensorial e experimental. "O filme não segue uma narrativa clássica; ele é uma experiência. O público é desafiado, provocado a se envolver com a obra e suas próprias expectativas."

A estreia brasileira está marcada para 30 de janeiro de 2024, com uma sessão especial em Belo Horizonte, cidade que inspira e conecta o diretor com suas raízes artísticas.

Carreira e transições artísticas

Ricardo também refletiu sobre sua trajetória, que transita entre o cinema e o teatro. Para ele, o teatro oferece uma liberdade criativa imediata que influencia diretamente seu trabalho cinematográfico. "O teatro é uma arte que você pode começar com poucos recursos, enquanto o cinema exige um planejamento mais longo e investimentos consideráveis. Ainda assim, as duas artes se alimentam mutuamente em meu processo criativo."

Entre seus filmes anteriores estão Elon Não Acredita na Morte (2016), Quem Tem Medo? (2022) e Tudo o que Você Podia Ser (2023). Ele considera que essas obras marcaram uma evolução natural em sua carreira, com Tudo o que Você Podia Ser abordando pela primeira vez a temática LGBTQIA+ e servindo de ponte para Parque de Diversões.

O futuro: novos projetos e desafios

O cineasta mineiro revelou que já está trabalhando em seu próximo longa-metragem, A Professora de Francês, previsto para ser filmado em 2024. O filme, que mistura elementos de terror social, é uma coprodução entre Brasil, França e Portugal. "Estamos nesse projeto desde 2017, e finalmente vamos rodá-lo. É um filme que promete explorar novas dimensões em minha filmografia", adianta.

Confira a íntegra da entrevista clicando na foto.

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O produtor, cineasta e diretor teatral mineiro Ricardo Alves Jr. exibiu seu quarto longa-metragem, "Parque de Diversões" no Festival Chéries-Chéris, em Paris, voltado para a comunidade LGBTQIA+. A obra explora o universo do cruising — encontros sexuais entre desconhecidos em espaços públicos — e é ambientada no Parque Municipal de Belo Horizonte, que desempenha um papel simbólico e histórico na narrativa.

Ricardo explica que o cruising é o ponto de partida do filme, mas que a obra transcende a prática ao explorar questões mais amplas de liberdade e repressão. Ele destaca a conexão histórica com o Parque Municipal, um espaço que, na década de 1950 e 1960, era frequentado pela comunidade LGBTQIA+ à noite, até ser cercado por grades na década de 1970.

"Esses encontros noturnos, que eram vistos como proibidos em uma sociedade conservadora, são uma metáfora para a fluidez dos corpos e a liberdade que existia naquele lugar", comenta Ricardo, reforçando que o filme adota uma abordagem poética sobre esses temas.

Diálogos reduzidos e linguagem corporal intensa

Uma das marcas de Parque de Diversões é o uso mínimo de diálogos, o que confere destaque à expressão corporal e à interação entre os personagens. "São apenas quatro cenas com texto falado", diz Ricardo. "Eu vejo o filme como uma espécie de coreografia pornográfica ou erótica, onde a narrativa se constrói a partir dos corpos, da espacialidade e da luz." Para ele, o espaço é fundamental, e o trabalho com a trilha sonora potencializa a experiência sensorial do espectador.

Ricardo reconhece que a escolha de cenas explícitas é provocadora e deliberada. "O filme fala sobre sexo e explora suas várias camadas, como o voyeurismo, o exibicionismo e os fetiches. Ele coloca o espectador como um voyeur dessa experiência, desafiando-o a refletir sobre sua própria relação com o desejo e a sexualidade", argumenta.

Cinema independente em tempos desafiadores

O filme foi produzido sem recursos públicos e filmado em apenas sete noites, com uma equipe reduzida e dedicada. "A independência permitiu que o filme fosse exatamente como eu desejava, sem concessões. É um filme para maiores de 18 anos, que não se esquiva da nudez e do sexo explícito", explica.

Ricardo Alves Jr. acredita que o tema do filme é ainda mais relevante no contexto atual do Brasil. "Com a onda reacionária que vivemos, obras como essa são importantes para confrontar o conservadorismo e abrir espaço para discussões sobre liberdade e identidade", pontua.

Recepção internacional e a estreia no Brasil

Desde sua estreia mundial, em junho, no Festival Internacional de Cinema de Marselha (FID), "Parque de Diversões" vem percorrendo festivais ao redor do mundo, incluindo o Queer Lisboa, o Pink Screens na Bélgica e agora o Chéries-Chéris, em Paris. Ricardo celebra a recepção positiva da obra, especialmente pela sua abordagem sensorial e experimental. "O filme não segue uma narrativa clássica; ele é uma experiência. O público é desafiado, provocado a se envolver com a obra e suas próprias expectativas."

A estreia brasileira está marcada para 30 de janeiro de 2024, com uma sessão especial em Belo Horizonte, cidade que inspira e conecta o diretor com suas raízes artísticas.

Carreira e transições artísticas

Ricardo também refletiu sobre sua trajetória, que transita entre o cinema e o teatro. Para ele, o teatro oferece uma liberdade criativa imediata que influencia diretamente seu trabalho cinematográfico. "O teatro é uma arte que você pode começar com poucos recursos, enquanto o cinema exige um planejamento mais longo e investimentos consideráveis. Ainda assim, as duas artes se alimentam mutuamente em meu processo criativo."

Entre seus filmes anteriores estão Elon Não Acredita na Morte (2016), Quem Tem Medo? (2022) e Tudo o que Você Podia Ser (2023). Ele considera que essas obras marcaram uma evolução natural em sua carreira, com Tudo o que Você Podia Ser abordando pela primeira vez a temática LGBTQIA+ e servindo de ponte para Parque de Diversões.

O futuro: novos projetos e desafios

O cineasta mineiro revelou que já está trabalhando em seu próximo longa-metragem, A Professora de Francês, previsto para ser filmado em 2024. O filme, que mistura elementos de terror social, é uma coprodução entre Brasil, França e Portugal. "Estamos nesse projeto desde 2017, e finalmente vamos rodá-lo. É um filme que promete explorar novas dimensões em minha filmografia", adianta.

Confira a íntegra da entrevista clicando na foto.

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