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Exposição de Tarsila em Paris visa “valorizar” a obra da modernista brasileira “esquecida” na França

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A exposição “Tarsila do Amaral, pintando o Brasil moderno”, está em cartaz no Museu do Luxemburgo, em Paris, a partir desta quarta-feira (9). É a primeira e maior retrospectiva da mais famosa pintora brasileira realizada na França, país onde a artista modernista brasileira iniciou sua carreira internacional há quase 100 anos.

A exposição vem preencher uma lacuna e resgatar a história de Tarsila do Amaral (1886-1973) com a França. A pintora paulista morou na capital francesa no início dos anos 1920, ao lado do então marido Oswald de Andrade (1890-1954). O casal “Tarsiwaldo”, como eram conhecidos, frequentava a vanguarda artística na capital francesa e, de Paris, aprofundaram o movimento modernista iniciado em 1922.

A retrospectiva parisiense acontece quase cem anos após a primeira mostra individual que revelou Tarsila do Amaral em Paris, em 1926. “O motivo dessa exposição é justamente valorizar essa artista que foi muito parisiense naquela época e foi esquecida”, afirma Cecília Braschi, a curadora da mostra.

A pintora chegou a fazer uma segunda exposição parisiense em 1928, sempre com muito sucesso, e vendeu seu primeiro quadro para um museu, a tela “A Cuca” que pertence ao fundo francês de artes plásticas. “É incrível que ela nunca mais tenha sido exposta em Paris”, sublinha a historiadora da arte, que conheceu a obra da pintora ao fazer uma tese de doutorado sobre a arte e a arquitetura moderna brasileira.

Mais de 50 anos de carreira

“Tarsila do Amaral, pintando o Brasil moderno” reúne cerca de 150 obras, entre elas 49 quadros da artista central do movimento modernista brasileiro. A apresentação é cronológica, mostrando as várias fases da carreira da pintora.

Entre as obras expostas, quadros emblemáticos como “Autorretrato”, “Caipirinha”, “A Cuca” ou “A Negra”, pintados na década de 1920, considerada a fase mais rica e popular da artista. Mas abordagem da curadora Cecília Braschi tenta se diferenciar de retrospectivas recentes, como as realizadas no MoMa de Nova York ou no Masp de São Paulo, que enfocaram principalmente os anos 1920.

A retrospectiva parisiense revela também ao público francês trabalhos menos conhecidos de Tarsila do Amaral. “Foi para mim uma oportunidade de descobrir e de mostrar aquela época que se chama geralmente de a ‘fase tardia’ da Tarsila, que é injustamente esquecida. Descobri uma artista sempre inventando, que veicula toda essa modernidade até as fases posteriores”, aponta a curadora. “As últimas obras dela mostram também uma atualidade e um vínculo muito forte com a cultura do seu tempo”, completa.

A obra de Tarsila, inspirada no imaginário popular brasileiro, está associada a questionamentos sobre uma arte ou identidade nacional. Cecilia Braschi também se baseou nos trabalhos brasileiros recentes sobre a artista e nas discussões que a obra dela levantam sobre raça, classe e colonialismo. Por isso, o polêmico quadro “A Negra”, emprestado do Museu de Arte Contemporânea da USP, é um trabalho central na mostra. Esses temas serão debatidos paralelamente à exposição em uma mesa redonda nos dias 4 e 5 de novembro.

Manifestos Pau Brasil e Antropofágico

Em Paris, Oswald lançou o Manifesto Pau Brasil em 1925, que precedeu o famoso Manifesto Antropofágico de 1928. Os dois manifestos foram ilustrados por Tarsila do Amaral. Cecília Branski ressalta que a participação da pintora foi muito além e que ela ajudou a criar movimento.

“Eles são totalmente complementares na pintura e literatura. Mas dá para ver, simplesmente pelas datas das obras, que Oswald se inspirou nas obras da Tarsila. O movimento antropofágico também nasceu inspirado na obra mais conhecida dela, o Abaporu”, lembra. O quadro que pertence ao Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires não integra essa retrospectiva parisiense. A curadora tentou negociar, mas não conseguiu o empréstimo.

Outro aspecto relevante da mostra é emancipação de Tarsila, que se impôs como artista mulher nos anos 1920 e como “mulher brasileira” em Paris. “Ela fez coisas que agora parecem normais, mas naquela época era muito difícil, muito ousado. Na pintura também ela se emancipou do imaginário europeu, que pesava sobre os artistas brasileiros, e de uma visão do mundo eurocêntrica”, avalia Cecilia Braschi.

Tarsila buscava “um jeito novo de se configurar como brasileiro, sempre com esta procura de identidade forte de uma pintura para ‘exportar’, como escrito justamente o Manifesto Pau Brasil”, resume.

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A exposição “Tarsila do Amaral, pintando o Brasil moderno”, está em cartaz no Museu do Luxemburgo, em Paris, a partir desta quarta-feira (9). É a primeira e maior retrospectiva da mais famosa pintora brasileira realizada na França, país onde a artista modernista brasileira iniciou sua carreira internacional há quase 100 anos.

A exposição vem preencher uma lacuna e resgatar a história de Tarsila do Amaral (1886-1973) com a França. A pintora paulista morou na capital francesa no início dos anos 1920, ao lado do então marido Oswald de Andrade (1890-1954). O casal “Tarsiwaldo”, como eram conhecidos, frequentava a vanguarda artística na capital francesa e, de Paris, aprofundaram o movimento modernista iniciado em 1922.

A retrospectiva parisiense acontece quase cem anos após a primeira mostra individual que revelou Tarsila do Amaral em Paris, em 1926. “O motivo dessa exposição é justamente valorizar essa artista que foi muito parisiense naquela época e foi esquecida”, afirma Cecília Braschi, a curadora da mostra.

A pintora chegou a fazer uma segunda exposição parisiense em 1928, sempre com muito sucesso, e vendeu seu primeiro quadro para um museu, a tela “A Cuca” que pertence ao fundo francês de artes plásticas. “É incrível que ela nunca mais tenha sido exposta em Paris”, sublinha a historiadora da arte, que conheceu a obra da pintora ao fazer uma tese de doutorado sobre a arte e a arquitetura moderna brasileira.

Mais de 50 anos de carreira

“Tarsila do Amaral, pintando o Brasil moderno” reúne cerca de 150 obras, entre elas 49 quadros da artista central do movimento modernista brasileiro. A apresentação é cronológica, mostrando as várias fases da carreira da pintora.

Entre as obras expostas, quadros emblemáticos como “Autorretrato”, “Caipirinha”, “A Cuca” ou “A Negra”, pintados na década de 1920, considerada a fase mais rica e popular da artista. Mas abordagem da curadora Cecília Braschi tenta se diferenciar de retrospectivas recentes, como as realizadas no MoMa de Nova York ou no Masp de São Paulo, que enfocaram principalmente os anos 1920.

A retrospectiva parisiense revela também ao público francês trabalhos menos conhecidos de Tarsila do Amaral. “Foi para mim uma oportunidade de descobrir e de mostrar aquela época que se chama geralmente de a ‘fase tardia’ da Tarsila, que é injustamente esquecida. Descobri uma artista sempre inventando, que veicula toda essa modernidade até as fases posteriores”, aponta a curadora. “As últimas obras dela mostram também uma atualidade e um vínculo muito forte com a cultura do seu tempo”, completa.

A obra de Tarsila, inspirada no imaginário popular brasileiro, está associada a questionamentos sobre uma arte ou identidade nacional. Cecilia Braschi também se baseou nos trabalhos brasileiros recentes sobre a artista e nas discussões que a obra dela levantam sobre raça, classe e colonialismo. Por isso, o polêmico quadro “A Negra”, emprestado do Museu de Arte Contemporânea da USP, é um trabalho central na mostra. Esses temas serão debatidos paralelamente à exposição em uma mesa redonda nos dias 4 e 5 de novembro.

Manifestos Pau Brasil e Antropofágico

Em Paris, Oswald lançou o Manifesto Pau Brasil em 1925, que precedeu o famoso Manifesto Antropofágico de 1928. Os dois manifestos foram ilustrados por Tarsila do Amaral. Cecília Branski ressalta que a participação da pintora foi muito além e que ela ajudou a criar movimento.

“Eles são totalmente complementares na pintura e literatura. Mas dá para ver, simplesmente pelas datas das obras, que Oswald se inspirou nas obras da Tarsila. O movimento antropofágico também nasceu inspirado na obra mais conhecida dela, o Abaporu”, lembra. O quadro que pertence ao Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires não integra essa retrospectiva parisiense. A curadora tentou negociar, mas não conseguiu o empréstimo.

Outro aspecto relevante da mostra é emancipação de Tarsila, que se impôs como artista mulher nos anos 1920 e como “mulher brasileira” em Paris. “Ela fez coisas que agora parecem normais, mas naquela época era muito difícil, muito ousado. Na pintura também ela se emancipou do imaginário europeu, que pesava sobre os artistas brasileiros, e de uma visão do mundo eurocêntrica”, avalia Cecilia Braschi.

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