Milhares de pessoas protestam contra extrema direita na Alemanha antes de eleições regionais

Linha Direta

Milhares de pessoas foram às ruas na Alemanha, neste domingo (25), protestar contra o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha, a AfD. As manifestações ocorreram em estados do leste do país, que organizam eleições no próximo final de semana, onde o partido lidera as intenções de voto.

Marcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim

As passeatas acontecem após a prisão de um refugiado sírio, acusado de cometer o atentado que matou três pessoas. O ataque reacende o debate sobre política de migração, tema que costuma render votos à extrema direita.

As manifestações ocorreram na Turíngia e Saxônia, no leste do país, onde ocorrem as eleições regionais no próximo final de semana.

Segundo os organizadores, cerca de 30 mil pessoas saíram às ruas na Turíngia e na Saxônia para protestar contra a extrema direita, e onze mil manifestaram em Leipzig. A polícia não divulgou o número de participantes.

Nessas duas regiões, o partido AfD lidera as pesquisas, com cerca de 30% dos votos.

No sistema parlamentar alemão, a AfD dificilmente poderá chegar ao poder ao nível estadual sem formar uma coligação. Esta hipótese não está sendo aceita por nenhum dos partidos com chances de eleger seus candidatos.

Manifestações similares ocorreram antes das eleições europeias de junho passado, após revelações feitas pela imprensa de que membros da AfD teriam participado de uma reunião de nacionalistas. Durante o encontro, foi debatido um plano para a expulsão em massa da Alemanha de pessoas de origem estrangeira.

Atentado reacende debate sobre migração

Os manifestantes deste domingo também lembraram as vítimas do atentado ocorrido na noite desta sexta-feira (23) em Solingen, durante uma festa de rua em comemoração ao aniversário da cidade, situada no oeste da Alemanha.

Ao mesmo tempo, eles alertaram contra uma politização do ataque, que deixou três mortos e feriu oito pessoas, e foi supostamente organizado por um refugiado sírio de 26 anos que teria ligações com o grupo terrorista Estado Islâmico.

O suspeito tinha recebido uma ordem de deportação para a Bulgária, país que registrou a entrada do sírio na União Europeia, e onde deveria ter apresentado o seu pedido de asilo, conforme as regras de imigração do bloco.

Política migratória

O atentado chocou os alemães e reabriu o debate sobre o acolhimento de refugiados no país. Após o crime, tanto políticos da oposição como do governo vieram a público defender o endurecimento das leis sobre migração e acolhimento de refugiados.

Analistas alertam que o crime em Solingen pode levar a um sucesso eleitoral ainda maior para a AfD nos pleitos do próximo domingo. Políticos do partido vêm há tempos pedindo por deportações de migrantes em massa na Alemanha.

A AfD é o partido considerado a força política de extrema direita com maior sucesso no país desde o partido nazista de Adolf Hitler e começou a ganhar força justamente com a crise migratória de 2015, quando garantiu assentos pela primeira vez no Parlamento alemão.

A legenda está atualmente representada em 15 dos 16 parlamentos dos estados federais alemães, e a sua popularidade não para de aumentar ao nível nacional. Nas intenções de voto, a AfD é hoje a segunda força política, perdendo apenas para os conservadores da CDU, partido da ex-chanceler alemã Angela Merkel.